FILOSOFIA COMO REMÉDIO PARA A SOLIDÃO
TRECHO ...
A Filosofia como Remédio para a Solidão é um livro que busca refletir a condição de auto esquecimento em que, às vezes, lançamo-nos a viver como uma provação, um castigo, por julgar que somos fracos e impotentes para lidar com as vicissitudes das emoções.
Apesar de propor uma abordagem carregada de simplicidade em sua linguagem discursiva, este livro não descura do rigor conceitual e de um desejo que se permite partilhar com todos aqueles que veem na palavra uma interrogação ou resposta provisória para as suas clivagens existenciais em termos de amor, ódio e sentimentos, realidades afetivo-emocionais sob às quais a ciência pouco pode dizer.
Em linguagem mais rebuscada, pode-se dizer que a vontade de se reconhecer passa necessariamente por uma busca indelevelmente ligada ao reencontro de nossos abandonos, dentro dos quais a palavra se articula de inúmeras formas para dar sentido ao mundo, ajudando-nos a escapar da repetição míope que faz com que estejamos sempre a mergulhar nos mesmos impasses.
Na realidade, o objeto — solidão — que se dá como possibilidade de conhecer neste livro coincide com todos os objetos possíveis em que a fala nomeia para poder dar sentido enquanto expressões de linguagem. É como se fosse uma bricolagem de ideias, sintomas, desejos, expectativas e delírios cognitivos que sempre se apresentam sob um disfarce, travestidos de significantes que se esquivam furtivamente ao olhar limitado da razão, e que se enunciam em função de seus respectivos lugares, espaços, texturas, propondo coisas heteróclitas sobre as quais nada se sabe a priori.
A palavra encarnada é um feito artesanal da mente consciente e inconsciente que tem o condão de identificar significantes e refletir sobre significados, com o propósito de nomeá-los e inscrevê-los numa fala dizível, cuja interpretação pode criar o sentido que permite, de certa forma, revelar o que parecia ser de todo sem sentido. Isto, porém, não significa dizer que a palavra veicula um tipo de saber capaz de trazer felicidade para o indivíduo. De maneira nenhuma. Talvez, o máximo que ela consiga fazer é transformar a infelicidade neurótica em infelicidade comum.