POESIAS DESNUDAS
TRECHO ...
Poesias /desnudas é um livro pulsional, que lateja como uma ferida aberta no tempo, sem exigência de cicatrização. Sua linguagem é essencialmente metafórica, mas carregada de vicissitudes, que o autor, desejoso de fugir a todas as limitações que embotam o espírito e a personalidade, restaura com espontaneidade o apetite pelas realidades fundamentais da vida.
A linguagem do livro renuncia a tudo que não seja sua própria autenticidade e procura na libertação das palavras ir ao fundo dos sentidos, não como a vulgaridade de um pornográfico, mas com a magia do erotismo, que tende a impulsionar a vida para a sinceridade e a desamordaçar o espírito carregado de servidões.
O erotismo está presente no mundo desde a antiguidade. Os gregos escreveram sobre a vida erótica através dos amores clandestinos, da vida das cortesãs, da socialização da homoafetividade e da beleza de suas estátuas sempre nuas, evidenciando seus órgãos sexuais. Os gregos nutriam a beleza dos corpos e a estética da nudez, através de representações fálicas estampadas em peças e molduras tidas como sagradas. Porém, o erotismo nunca foi um tema aceito pacificamente, nem pela sociedade e nem pelos estudiosos. Na verdade, o erotismo só conheceu ao longo de toda a história do Ocidente apenas três momentos gloriosos: a Antiguidade Clássica, o libertinismo francês e as manifestações eróticas da atualidade.
Com exceção desses períodos, o mundo Ocidental conheceu uma crescente brutalidade sexual, que vai desde a derrocada do Império Romano (476 d.C.) até o século XIX. A ética e os valores pagãos foram substituídos por uma ética sexofóbica, dominada por uma moral judaico-cristã que, diferentemente de outras culturas, lidava com muita dificuldade com as “demandas do corpo”, consideradas vícios mortais, e que pregava a repressão do desejo ao defender o ideário moral de um deus assexuado, criador de uma paraíso destinado a virgens e santos.